domingo, 28 de agosto de 2011

Aurora



Era outubro quando Aurora veio.
Com Aurora, uma cor nova veio,
Nossa Senhora Aparecida veio,
Novo som veio, novo riso veio.
Outubro se foi,
Novembro veio.
Aurora amanheceu,
Anoiteceu,
Amadureceu,
Refez,
Cresceu.
Já estava pronta,
Ninguém sabia.
A Consciência Negra veio,
A verde deveria ter vindo. Não veio.
O céu azul chamou,
Convite de saudade guardada no peito.
O verde chamou,
O cerrado chamou.
Aurora foi,
Não ficou.
Entardeceu,
A noite caiu,
A saudade veio.
Escureceu,
A lembrança não foi.
O choro veio,
A dor não foi,
O vazio não foi.
Aurora ficou
Num último relance de par de asas abertas,
Verdes, pontas vermelhas,
Num fundo azul de varanda aberta.
Respeito.
Voa Aurora, voa.
Voa que o cerrado esperou.
Aurora foi,
Não ficou.
Foi por instinto.
Levou do menino a alegria.
Chora menino, chora.
Chora a chuva do dia.
Chora Aurora que foi.
Chora a primeira dor.
Chora o vazio na alma.
Chora tão cedo o abandono.
Aurora não foi,
Ficou.

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